Quando
pegamos para observar o acervo de filmes, documentários e séries sobre a
estrutura de poder autocrática podemos encontrar grandes quantidades de obras
relacionadas ao entendimento do regime autocrata nazista e por vezes regimes fascistas
do mesmo período que o nazismo sendo assim, inspirados ou influenciados por
ele, com destaque para o excelente filme norte-americano da Universal Pictures,
de Steven Spielberg, A Lista de Schindler de 1993, que revela muito ao respeito
do funcionamento burocrático e econômico do sistema, e o ótimo filme italiano
da Melampo Cinematografia, de Roberto Benigni, A Vida é Bela de 1999, que
demonstra o sentimento ideológico que as pessoas daquela época tinham para
acreditar naquele movimento político, claro essas obras tem muito mais a
acrescentar que o que destaquei mas para fins de entendimento desses regimes
seus diferencias ficam nesses itens. Existe também grandes quantidades de obras
referentes ao entendimento do regime autocrata comunista mas diferente do que
ocorre com relação à os exemplos citados referentes ao nazismo não a grande
profundidade nelas, se atendo a mostrar as atrocidades cometidas,
acontecimentos históricos focando apenas na ação dos combates em tempos de
guerra que países sob esse regime passaram e em informações apresentadas como
um grande arquivo de registros aberto para as telas de TV, talvez se salvando a
recente e impressionante série da HBO de Craig Mazin, Chernobyl de 2019, que
consegue mostrar um pouco sobre o modo de vida, funcionamento dos serviços
públicos, burocracia e cadeia de comendo em questões de estado como itens de
destaque para entendimento daquele sistema.
Venho fugir um pouco desse caminho
majoritário traçado pela indústria da sétima arte, que busca apenas tratar da autocracia
como um tema represado aos regimes comunista e principalmente nazista, pois a
recomendação em especial que venho trazer é para o filme alemão da Constantin
Film, de Dennis Gansel, A Onda de 2008.
O filme A Onda, chega para tratar dessa
estrutura de governo na raiz e não na observação ou entendimento de
experimentos já maduros e a todo vapor como ocorre nos filmes que abordam o
nazismo ou comunismo, no caso a autocracia da trama é o fascismo nos mostrando
um grupo de estudantes que acabam devido a um método didático experimental
sofrendo uma conversão ideológica para o universo autocrata mas mesmo estando
um pouco mais distante do que ocorre na autocracia comunista a grande maioria
dos elementos que surgem agregando pessoas ao movimento político são os mesmos
então serve para entender em grande parte está também.
A inspiração da obra vem de um caso verídico
ocorrido nos Estados Unidos da América em 1967 conhecido como A Terceira Onda,
foi também inspiração para o livro do autor norte-americano Todd Strasser,
batizado também de A Onda de 1981. Assim como no experimento social e didático
real, no filme retratado numa história fictícia que se passa na Alemanha atual,
jovens que mesmo tendo conhecimento sobre o que foi a autocracia no passado,
mesmo estando residindo em uma democracia contemporânea sólida e mesmo os
incluídos no surgimento do movimento tendo consciência que estão em algum tipo
de experiência e não em defesa de um conjunto de ideias espontâneas e que
realmente se acredita acabam sendo seduzidos pelo efeito psicológico que estar
inserido nesse tipo de movimento político causa no intelecto humano, passando
assim a concordar de fato ideologicamente com aquilo, viver e agir como aquilo
rege, trabalhar em prol daquilo e a conseguir converter novos membros e
hostilizar indivíduos que resistam ao crescimento daquilo. Vendo essas mudanças
que o filme nos apresenta com considerável detalhamento no grau e velocidade de
conversão da personalidade de diferentes personagens e com as consequências nas
suas vidas, fica muito mais fácil e profundo entender como essa estrutura de
poder e governo consegue surgir e se fortalecer.
Essa obra serve também para ajudar a entender
se de fato a elementos ou pelo menos uma quantidade suficiente deles que
permitam caracterizar e identificar o início da formação de algum movimento
político rumo a uma autocracia, discurso que passou a ser exaustivamente usando
para difamar opositores por partidos e personalidades políticas na atualidade,
isso é possível já que ela não só traz átona a estrutura já dominante
autocrática e suas consequências mas como referi anteriormente, faz entender
seu nascimento na sociedade.
Os comentários estão sempre livres para
críticas, sugestões e opiniões a respeito dessa indicação e de outras, claro
com respeito e coerência.