10/23/2020 05:03:00 PM

 

Bandeira da República Popular da China

  Se parece em um primeiro momento coerente do ponto de vista ideológico quem circunda o spectro mais à esquerda, aquele que concorda com muitas das ideias dos sociólogos prussianos Ferdinand Lassalle ou Karl Marx, apoiar e torcer pela China em todo seu sucesso econômico e militar, saiba que não é. Vou argumentar nessa publicação expondo o porquê olhando mais a fundo e de forma prática essa noção de coerência é equivocada.

  China, país que hoje disputa e lidera para se tornar potência dominadora na sua região e aspira competir com os Estados Unidos da América pelo posto de potência dominadora global, fruto de um período que experimentou o comunismo. Olhando para esse país que antes desse período era sem prosperidade e desenvolvimento e que após passar por ele mesmo tendo retornado ao capitalismo ao invés de ter fincado os pés lá ou atingido o socialismo, inegavelmente obteve seu sucesso e características atuais daquele período e mesmo estando no capitalismo esse se faz de uma forma bem menos liberal que o pregado como correto para obter o sucesso pelos estudiosos e defensores do sistema capitalista tão odiados nos círculos de pensadores que se denominam socialistas ou social-democratas. Por que então não seria essa uma ilha ou oásis de sucesso para a esquerda usar de exemplo em meio a tantos fracassos ao longo da história?

  Primeiramente precisamos entender que o verdadeiro sucesso ou melhor dizendo, que o verdadeiro sucesso cujo qual as ideias daqueles sociólogos, mais precisamente Lassalle, ajudaram a fazer acontecer, pois o capitalismo fez presença essencial, foi nos países europeus que empregam de forma maciça as políticas de bem estar social tão buscadas pelos sociais-democratas. A China não é um empregador dessas políticas de nenhuma forma plausível e poderia ser um exemplo de certo acerto da parte de Marx mas também não é devido a não ter alcançado nenhum de seus fins, apenas passou por um período o que ele pregou como sendo uma espécie de meio de caminho.

  Em relação a seu sucesso provir de um período inspirado por ideias marxistas mesmo elas depois tendo sido abandonadas, e que poderia servir para tirar algum acerto no que ele defendia, isso não ocorre, até teria sentido entender dessa forma se o resultado final não fosse algo que embora não seja o ideal para os capitalistas é também uma completa oposição a forma que o proletário deve ser tratado segundo Marx. Hoje o proletário chinês se encontra numa situação de exploração e falta de poder perante o estado empreendedor chinês pior que para a burguesia no período em esse sociólogo decidiu passar a observar e tirar suas conclusões em ralação a sociedade e o seu sistema produtivo.

  O sucesso chinês provem na verdade do governo ter transformado o pais inteiro em uma empresa cujo qual ele deve ser encarado como o dono privado que busca maximizar seu lucro como qualquer outro capitalista dono de uma empresa, a diferença fica apenas pelo fato que fora a grande e ilimitada empresa chamada China, dentro de países comuns que não trabalham como uma empresa e sim como um estado com empresas, os seus empresários encontram-se  limitados por leis. As leis da China não vem para limitar seu empreendimento e sim ajudá-lo a ser mais implacável em reduzir custos a ponto de oferecer produtos e serviços vencedores de qualquer competição no mercado global, são leis que se comparam a regras dentro de uma empresa para justamente fazer ela funcionar melhor. Por isso seus trabalhadores são tão explorados, não a liberdade de expressão, o fechamento ao repasse de informações para toda instituição externa, a limitação e vigilância da informação que entra, o acesso do governo sobre todas as informações das instituições governamentais ou privadas internas que mais parecem simples setores para melhor organização de uma mesma instituição, a indiferença ao meio ambiente e a diplomacia. É tudo típico da organização interna de uma grande empresa que não sofre fiscalização de nenhuma autoridade, mas estamos falando aqui de um país.

  Para concretar ainda mais essa ideia de equívoco por parte daqueles que vislumbram na China um exemplo a se citar em debates contra defensores capitalistas, é preciso também expor como a força deflacionária que a alta competitividade da China gera no mercado global e leva que bandeiras da esquerda que antes eram perfeitamente praticáveis nas cadeias produtivas mesmo dentro do capitalismo agora se tornem insustentáveis para uma economia saudável e em desenvolvimento.

  Países europeus que contam com a vasta implementação das políticas de bem estar social perdem muitas linhas de produção de produtos industrializados para a China já que essa oferece para as empresas mesmo já incluindo o custo de transporte uma produção terceirizada mais vantajosa livre das leis que protegem os funcionários europeus e encarece o produto final, quando não ocorre a terceirização da produção na China por uma empresa devido a aversão do seu proprietário por motivos diversos, a empresa vê seu nicho de mercado ser invadido por produtos similares chineses mais competitivos que pôr fim a levam a falência ou compra pela própria China para uso em marketing do nome de maior tradição, restando uma produção local relacionada a softwares e alguma linhas que mal servem para unir componentes provindos da China e que mesmo assim só existem devido a proteção alfandegária e subsídios, empregos provindos de atividades primárias, serviços, turismo e construção ficam seguros mas eles somados a essas poucas outras opções de produção industrial são insuficientes para aquecer a economia e a levam a deflação, deflação que resumidamente é a queda dos preços dos produtos e serviços por falta de consumo ou poder aquisitivo, que gera falta de interesse em investir e induz quem detém a apenas guardar o capital, que por sua vez causa mais deflação em um ciclo patológico extremamente prejudicial.

  Mesmo na maior parte das américas, Oceania e Japão que não se utilizam de uma abordagem que encarece tanto os meios de produção como a política de bem estar social europeu é facilmente perceptível a fuga de linhas de produção para o gigante asiático chinês causando desemprego, esfriando os mercados internos e consequentemente a deflação.

  Uma vez que esses postos de trabalho que deveriam estar espalhados pelo mundo, mais protegidos e fiscalizados, garantido aos proletários de tais países uma exploração mais ética são eliminados em detrimentos dos super explorados empregos do proletário chinês, essa ideia de proteção se torna negativa por impedir a competitividade, e indo então na contra-mão da ideologia que justamente prega o aumento da proteção do proletário como ideal, a esquerda. Do ponto de vista capitalista isso nada tem de errado, ainda não ocorre um monopólio total e quem produz mais barato e melhor leva a preferência de quem consome, mas sem dúvida é muito ruim para o discurso de socialistas e sociais-democratas que mesmo assim ainda estão na sua maioria em uma espécie de torcida para o sucesso chinês e acreditando que esse é algo que veio para agregar força aos argumentos que usam para defender suas bandeiras quando na verdade os destrói!

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