10/23/2020 05:04:00 PM

 

ministro Luís Roberto Barroso

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou contraditoriamente em entrevista à rádio CBN no dia 8 de setembro de 2020, que "Olhando para a realidade fática não há nada disruptivo da democracia acontecendo" em referência ao Brasil e no mesmo discurso afirmou que há um fenômeno mundial de recessão democrática causado pelo encontro do populismo, o conservadorismo radical fundado na intolerância e o autoritarismo. Citou praticamente todas as lideranças de direita do cenário politico global e atual incluindo a brasileira cujo qual ele mesmo tenha afirmado não estar realizando nada de disruptivo e isentou lideranças de esquerda.


  Um dos maiores males do regime democrático é sem dúvida o populismo, isso ocorre porque a estrutura de governo democrático se utiliza de um marketing institucional para constantemente convencer a população que é o único caminho legitimo de representa-la, com isso muitos políticos se utilizam dessa ideia cravada na mente das pessoas para se apresentar como representantes desse sistema que tudo podem pois afinal governam por meio de um sistema que prega tudo poder.

  E quando um spectro ideológico inteiro prega ser o único representante democrático legítimo e que ele tudo pode e as outras vertentes nada podem dentro desse sistema? Certamente isso embora soa familiar não pertence ao mesmo fenômeno, isso porque o populismo se caracteriza também por ser praticado por uma pessoa ou no máximo um partido, o fenômeno populista conta com inúmeros políticos mas não trabalhando em conjunto e sim cada líder usando desse fenômeno para acender individualmente ao poder. Quando ocorre de um spectro ideológico inteiro querer se apropriar da estrutura de governo democrática marginalizado outras ideologias por meio do marketing institucional do sistema, está se presenciando então um outro e ainda não nomeado fenômeno e que embora menos nocivo pois não necessariamente empurre ideias não praticáveis para o governo como ocorre no populismo mas ainda assim é muito prejudicial pois diminui a diversidade de propostas e opiniões disputando eleitoralmente o governo e empobrece o debate sério, passando a ficar num acusa e se defende entre alas ideológicas a respeito de serem ou não ameaças a estrutura democrática.

  Recentemente isso vem sendo praticado em peso pelo spectro ideológico de esquerda em vários países. Todo político e práticas não de esquerda é imediatamente taxado até a exaustão de anti-democrático, políticos de esquerda mesmo sendo concorrentes entre si se poupam de usar essa artimanha que denigre o concorrente, posteriormente a prática passou a ser adotada também pelo spectro de direta em alguns países mas a esquerda parece ter abraçado com mais força essa artimanha, exemplo disso ocorre atualmente nos EUA em que o partido democrata atualmente assumido de esquerda e não mais de centro, tenta taxar tudo que é de direita, até mesmo símbolos muito antigos, como anti-democráticos mas foi vetada a troca de tais acusações entre os pré-candidatos nas primárias do partido, na Argentina meras declarações conservadoras passaram a ser consideradas crimes por supostamente ameaçar a democracia, nos países europeus seja na Alemanha, Itália, França ou Espanha, etc, todo líder de direita e descrito quase que como um vilão de histórias em quadrinhos que quer acabar com a democracia, salvo o Reino Unido que foi a direta que se apropriou dessa tática para desmoralizar a esquerda por não respeitar a decisão popular a respeito do Brexit ou seja, a decisão democrática, quando na verdade essa queria o máximo de prorrogação da saída para tentar traçar um acordo bem definido, como resultado o partido trabalhista principal força de esquerda perdeu muitos acentos no parlamento para o partido conservador de direita, na Bolívia a esquerda ataca novamente, afirmando dessa vez para efeito de denigri o período do governo interino de direita que acabou por atrasar as eleições, chamam isso de golpe contra a democracia, quando na verdade esse país estava passando pelo seu momento "olho do furacão" de uma pandemia global, isso ironicamente depois de uma das eleições mais mal organizadas da história levantar suspeitas sobre os resultados apresentados e impedir de dar sustentação ao vencedor ter acontecido a pouco tempo num governo justamente de esquerda e causar uma recente mancha na história da democracia boliviana.

   No Brasil ambos os spectros ideológicos passaram a adotar essa postura mas a esquerda por aqui também abraçou com muito mais força, é importante destacar que essa campanha difamatória não é a mesma que se tem, na direta chamando esquerdistas de comunistas e de na esquerda chamando direitistas de fascistas, pois a questão de tentar impor o entendimento que o outro spectro é incompatível com a democracia é muito mais profundo e não tenta somente associar para leigos políticos um indivíduo ou partido com algo que todos sabem ser ruim mesmo sem saber bem o porquê e se de fato é verdade, mas sim tenta impor que todo um conjunto de ideias indiferente de quem está concordando é anti-democrático, e não associando equivocadamente a algo ruim mas sim entendendo do que se trata, assumindo o que é e mesmo assim afirmando que é anti-democrático! Tamanho é a diferença que esse debate atinge já membros do judiciário, inclusive do Supremo tribunal Federal que deveriam ser neutros em relação a artimanhas eleitoreiras, mas fazem coro afirmando abertamente que determinados políticos nacionais e internacionais, todos convenientemente da mesma ideologia ameaçam a democracia.

  Na campanha os candidatos à presidência pela esquerda, Ciro Gomes, Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Marina Silva, repetidamente acusaram os então candidatos à presidência pela direita Jair Messias Bolsonaro e Henrique Meirelles de serem contra a democracia e desde que o agora presidente da República Bolsonaro assumiu não toleram qualquer decisão dele e de sua equipe afirmando que tudo é anti-democrático, inclusive decisões que foram parecidas com as do governo anterior, petista e de esquerda, em momento algum os candidatos de esquerda usaram tal tática para deferir ataques a outros candidatos do mesmo spectro político.

  Essa prática pode no longo prazo enfraquecer um spectro ideológico e o tornar pouco competitivo eleitoralmente, deixando apenas um conjunto de partidos muitos semelhantes se revezando no poder, devido a seus pontos de convergência ideológica e a falta de concorrência para disputar o poder pode acarretar em uma unificação informal entre as siglas que no bastidores seriam um só movimento político, tornando o regime unipartidário e sendo assim não democrático.

   O ideal é o convencimento do que é o melhor por parte de candidatos ideológicos através de argumentos lógicos e debate sério, o apoio a essa atitude de taxar outro spectro ideológico de anti-democrático mesmo esse não sendo, é que é na verdade em si uma atitude anti-democrática.

  Minha visão filosófica política não está recheada de amores pelo regime democrático mas assim como um economista pode fazer uma análise sensata sobre um mercado estrangeiro que não deseja investir, um comentarista de futebol pode opinar sobre um time que ele não torce, médicos ou advogados avaliarem casos que não são os dos seus clientes, sem por isso serem visões errôneas mas apenas externas e buscando com o que se entende sobre o assunto se colocarem sobre o que é certo ou errado em determinado assunto para quem querer saber. Eu assim também esterno aqui minha compreensão sobre o que é prejudicial ou benéfico para democracia assim como outros regimes independentemente de estar entre os seus defensores.

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