Qual seria uma estratégia eficaz de garantir
sucesso para o Brasil e toda a sua realidade e lógica singulares que o
acompanham, nas relações internacionais? Pergunta muito importante para
qualquer país obviamente, mas que devido a cada um ter elementos geográficos,
ideológicos e econômicos muito diferentes, muitas vezes únicos, impede uma
resposta genérica e por isso o foco no Brasil.
Para tentar obter
uma resposta precisamos nos debruçar sobre os elementos mais primordiais para
entender o player que é o Brasil e quais as vantagens e desvantagens que ele
carrega, e claro sobre os experimentos já feitos anteriormente, mais
precisamente nos recentes pois são mais ajustados ao atual cenário que se
desenha.
O Brasil hoje é um
país continental e aspirante a se tornar uma potência regional, conta com
recursos abundantes, indústria diversificada, agricultura forte, matriz
energética relativamente limpa e barata e não está sofrendo com nenhum tipo de
conflito armado contra outra nação, nem vizinha e em nenhum outro lugar do globo,
inflação e câmbio flutuantes e estáveis. Por outro lado seu tamanho é mal
aproveitado, seus recursos são em grande parte bloqueados para exploração
devido ao desgaste político oriundo de questões éticas e ambientais que isso
acarretaria, a agricultura encontra dificuldade em obter acesso a mercados que
não por meio de redução de lucros devido a não ter assim como inimigos, nenhum
grande aliado, a indústria é diversificada mas pouco competitiva e diferente da
agricultura não tem força para adentrar outros mercados por meio de preços
melhores que o ofertado por outros países, para piorar não pode vislumbrar um
futuro em que se torna competitiva pois lida com políticas equivocadas de
regulamentação, tributação, e incentivos públicos a anos, e tem uma dívida
pública gigante que só cresce.
Na democracia
contemporânea, sistema de governo que esta solidamente instalado no país, é
típico que promessas populistas nessa área surjam e como os governos mais
atuais que passaram por aqui foram e é populista, além de surgir essas
promessas foram também implementadas e testadas. No geral promessas arrojadas
que deveriam fazer milagres e que encantam as massas, mas não dão muito certo,
como toda promessa populista sempre é.
Política internacional aplicada por Lula
Começando
analisando a política internacional insaturada pelos governos populistas de
esquerda do Partido dos Trabalhadores, mais precisamente pelo que mais
idealizou e implementou esse conjunto de práticas, o governo do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, ou somente Lula. Procuro focar mais nele pois no
governo da ex-presidente Dilma Rousseff houve apenas uma repetição de
promessas, prosseguimento das práticas e projetos já adotados anteriormente e
nada de novo, até porque ela estava totalmente focada em estancar problema
internos que demandavam atenção imediata, não tendo uma contribuição original
de sua autoria em relação a esse tema.
Lula procurou não
mudar nada no que diz respeito a neutralidade histórica do Brasil ao lidar com
nações em conflito, interesses das potências e até mesmo em formar blocos de
países para promover alguma pauta global política, com essa neutralidade
manteve o país sem nenhum grande inimigo e consequentemente sem nenhum grande
aliado e nenhum grande acordo comercial ou militar que favoreceria a defesa,
agricultura, e indústria brasileira para se tornar mais competitiva e lucrativa
em algum mercado internacional foi assinado. Em vez disso ele preferiu adotar
uma postura de negociação arrojada com nações relativamente neutras muito mais
pequenas a nível econômico e com algum potencial de se desenvolver sob a tutela
e influência do governo brasileiro, uma atitude muito semelhante ao que as
potências fazem, no entanto elas procuram países não tão pequenos economicamente
e não se importam de avaliar se são neutras tanto que existe potências que
fazem negócios com ambas as partes de um mesmo conflito visando apenas os seus
interesses e sem sofrer retaliações por isso, ou mesmo sofrendo e em nada se
preocupando, uma das vantagens em ser uma potência.
No caso brasileiro
essas negociações se davam por investimentos com dinheiro brasileiro em
projetos dentro desses países para que posteriormente o Brasil viesse a receber
juros, e ditasse interesses seus nos próximos passos daquelas nações devido a
sua influência e dependência delas para com os recursos brasileiros. Se essa
prática se saísse bem sucedida essas nações prosperariam se tornando mais
relevantes e formariam um bloco sob a liderança brasileira que se tornaria
então uma potência.
Os exemplos mais
notáveis que valem citar dessa prática de política internacional implementada é
o projeto de criação de um corredor agrícola muito semelhante ao existente no
centro-oeste brasileiro em Moçambique que se início com recursos para
construção de um aeroporto e uma hidrelétrica, a construção de infraestruturas
de transporte em Cuba com destaque para a portuária, e uma vasta gama de
investimentos tanto para infraestrutura de transportes em geral como extração
de petróleo na Venezuela.
Se o desfecho
fosse como desejado Moçambique teria se tornado uma potência agrícola que
formaria acordos comerciais sob influência, se não aglutinada ao Brasil ou
seja, o Brasil teria controle sob uma parcela ainda maior da produção de
alimentos global e sendo tão relevante conseguiria firmar acordos futuros que
abririam as portas de mercados tanto para Brasil como para Moçambique mas em
termos que poderiam beneficiar mais o Brasil tanto em cotas como para os tipos
de produtos com taxação reduzidas. Cuba devido a sua localização e questões de
estrutura de governo e sistema econômico teria se tornado um ótimo ambiente de
negócios para o turismo, transporte marítimo, indústria que demanda mão de obra
barata para posteriormente exportar os produtos manufaturados, e em todos esses
negócios que o país viesse a fechar com outros países ou investidores privados
estrangeiros o Brasil seria informado e teria reservado o direito de participar
com influência nos termos. A Venezuela tinha juros bem altos para pagar ao
Brasil em função do volume de dinheiro emprestado sem falar que tinha já planos
para com o aumento da extração de petróleo do país cujo qual detém as maiores
reservas provadas de petróleo do mundo o Brasil viesse a virar o destino para o
refino de todo esse petróleo em acordos que futuramente seriam fechados entre
os dois e com isso gerar milhares de postos de trabalho. Esses planos citados
são retirados de trechos de diversas fontes de informação que em posterior análise
fica fácil identificar o objetivo elaborado entre as partes envolvidas na
época.
O que de fato
aconteceu foi que nenhum dos planos se concretizou, os países escolhidos
sofriam de problemas nas mais diversas áreas que se pode imaginar, tais
problemas que não irei me aprofundar aqui mas eram e são o que justamente está
impedindo essas nações de se desenvolver e com esse desenvolvimento ter a
capacidade de honrar os pagamentos das dívidas contraídas, causando assim um
prejuízo enorme para os cofres públicos brasileiros, e tão pouco de atender as
expectativas e interesses políticos brasileiros para com eles. O fato desses
problemas terem sido ignorados ao serem escolhidos para serem os pilares
inicias do projeto de políticas intencionais implementado pelo governo Lula se
deve ao fato de existir um alinhamento ideológico entre os governos desses
países e o do partido do ex-presidente Lula muito grande e devido ao lobby de
muitos agentes privados que corromperam o governo para poderem tirar proveito e
se tornarem os prestadores de serviço e vendedores de matéria prima que
receberiam esses recursos emprestados para investimentos e assim lucrarem e até
desviarem dinheiro causando ainda mais prejuízos para os cofres públicos e
também para o sistema político brasileiro uma vez que as eleições sofria
distorções na capacidade de campanha dos postulantes a cargos eletivos devido a
entrada de parte dos recursos usados para corromper o governo em fins
eleitorais, esses fatores cegaram os responsáveis por essa estratégia e provocaram
a negligência brasileira em escolher países sem condições de se desenvolver
para investir contrariando a lógica base dessa estratégia que precisava do sucesso
dessas nações para com elas alçar o sucesso de todo projeto de políticas
intencionais.
Política internacional aplicada por Bolsonaro
Já quando
analisamos as políticas internacionais implementadas pelo governo populista de
direita do atual presidente Jair Messias Bolsonaro é fácil perceber que sua
estratégia consiste em algo que ele acreditava ser real mas não é, Bolsonaro
parece ser um tipo de populista que assim como a massa que segue o seu discurso
que prega tudo ser possível ao ter o controle do governo nas mãos também
acredita ou seja, ele não prega visando iludir mas porque esta ele mesmo também
iludido com uma ideia equivocada.
Essa ideia de
política internacional equivocada se baseia que o Brasil deveria não procurar
parceiros fracos em que nós deveríamos com nossos recursos alavancar uma vez
que já temos recursos escassos para necessidades internas, e sim procurar
parceiros de "primeiro nível" como são chamados por Bolsonaro os
países que sim iriam nos alavancar. O erro se situa no fato que não é porque
nós queremos esses parceiros que eles vão nos querer!
De fato, o Brasil
tem muito a oferecer, mas as potências e países com muitos recursos podem
conseguir melhores acordos com o leque enorme de países que estão em uma
situação de maior desespero por ajuda que o Brasil, e assim eles conseguiriam
maior influência sobre esses países ajudados que o Brasil não costuma ceder,
não sendo uma promessa de campanha que pode ser colocada em prática só porque está
no poder pois não depende só da decisão do governo brasileiro.
Diante da
constatação que a realidade era muito diferente do que imagina o governo
Bolsonaro passou a tentar provar que sim era um país que era capaz de ceder
benefícios e aceitar determinadas influências que outros países em situação
mais crítica costumam fazer em troca da parceria internacional, esse
alinhamento quase que forçado com algum países escolhidos a dedo por motivos
ideológicos e também porque não iriam querer influir com a liberdade cedida, em
temas que se chocariam com outras diferentes promessas de campanha voltadas
para políticas internas, colocou o Brasil fora dos trilhos da histórica
neutralidade e até gerou prejuízos diplomáticos e comerciais, afinal se
alinhando completamente a uma potência e se tornando seu aliado também se torna
um inimigo da potência rival que antes detinha negócios no Brasil devido a
antiga neutralidade. Os prejuízos vinham, mas o bônus ainda não, os novos
aliados ainda aguardavam ver até onde iria esse posicionamento, estudavam como
tirar proveito dessa parceria que não estava em seus planos anteriormente pois
diferente de quando vão atrás do país mais fraco para colocarem sob sua
influência é o Brasil que está batendo a pedindo tal.
O tempo de espera
parecia que iria reder frutos, alguns países poderosos começaram a serem
atraídos por essa proposta de ter no Brasil um aliado de todas as pautas em
troca de formação ou inclusão do Brasil em acordos militares e econômicos.
Bolsonaro então se deparou com um dos problemas que o sistema democrático
contemporâneo carrega, sistema esse o que rege também os governos de muitos
desses almejados parceiros, o de ocorrer políticas de curta duração devido a
troca de representantes. Esse e mais outros problemas desse sistema
administrativo podem ser vistos e entendidos aqui(Estruturas de governo (parte2) A Democracia Contemporânea).
O caso mais
recente e notável foi a derrota na tentativa de se reeleger do ex-presidente
norte americano Donald Trump com quem Bolsonaro mais apostava que iria firmar
acordos vantajosos para o Brasil para o agora presidente dos Estados Unidos da
América Joe Biden. Ao que parece isso não abalou a estratégia e até a reforçou
pois o atual presidente brasileiro dobrou a aposta e ao invés de se alinhar aos
EUA como estava planejando está se alinhando a figura política de Trump na
esperança de o defeito do sistema democrático contemporâneo de haver essa troca
de representantes e quebra de estratégias longevas vire ao seu favor daqui 4
anos, pois se Trump conseguir retornar ao poder estaria supostamente em completa
sintonia e confiança para com Bolsonaro, com fortes planos de interação já bem
definidos, ou estão estaria usando essa imagem de forte alinhamento a um político
como vitrine para atrair algum líder poderoso que esteja procurando aliados que
se alinhem a ele e não somente ao seu respectivo pais, é difícil constatar qual
é o plano colocado em pratica no momento ou se é ambos em simultâneo mas é uma
aposta muito arriscada e original para a diplomacia brasileira. O Brasil no
entanto, segue até agora e por mais um longo período colhendo muito ônus e
nenhum bônus dessa política internacional.
O plano perfeito
Ao analisar essas
duas e bem diferentes políticas intencionais implementadas no Brasil podemos
constatar que a melhor é de longe a adotada pelo ex-presidente Lula, obviamente
corrigindo os graves defeitos que levaram ela a fracassar e assim criando um modelo
novo com aquele pé no que já foi testado. A política internacional do
presidente Bolsonaro não é de todo ruim, de fato se surgir um grande projeto de
parceria com uma nação poderosa o Brasil deveria seriamente considerar e se
vantajosa agarrar-se a ela e não deixar escapar mas isso deve surgir
naturalmente, quando por ocasião aparece o interesse mútuo ou que proporcione
uma aproximação de uma das partes de preferência da mais poderosa com boas
contrapartidas já definidas e bem aceitas pela outra parte, isso é algo que
pode surgir amanhã ou daqui uma década e não podemos até lá ficar parados
esperando acontecer ou se rastejando diplomaticamente desesperados sem precisar
de tal e correndo o risco de fazer um mal negócio por conta justamente das
outras partes saberem do nosso desespero, é um estratégia que foi planejada nas
coxas ao se deparar com o inesperado e que apesar de no futuro poder ainda render
belos frutos será devido mais a fatores externos e praticamente não dependem em
nada do nosso governo, se fosse para ser dessa maneira estaríamos elegendo para
nos governar jogadores de poker e não administradores públicos. Já a estratégia
de Lula foi feita com antecedência pensando em não ficar isolado e parado vendo
os outros países se fortalecer em aliança vantajosas e buscando ficarmos bem
posicionados no longo prazo em cima desse trabalho constante que já viria sendo
feito aos poucos, seus defeitos foram se perder na corrupção e na influência da
ideologia gastando muito mal os escassos recursos.
Baseado nisso
entendo que uma versão mais firmada em diretrizes anticorrupção, mais enxuta em
números de países por vez, mas mais agressiva em quantidade de recursos e
influência da estratégia de política internacional implementada pelo governo
Lula seja o ideal para o Brasil.
Para fundamentar
essa versão destaco que o fato de precisarmos recorrer a países com muito pouco
tamanho econômico ou seja, países que estão enfrentando sérios problemas
financeiros e que tenham um PIB minúsculo se comparado ao potencial de seu
povo, território e recursos, para realizarmos investimentos e empréstimos no
volume que temos condições de levantar e esses serem substanciais o suficiente
para que esses países sedam a nossa influência, acarreta o problema de mesmo
com nossa influência e recursos esses países ainda estejam sob a ação dos
mesmos males que levaram eles a serem pequenos economicamente em primeiro
lugar, dessa forma deveríamos centrar os recursos que iríamos colaborar com 3
ou 4 países no modelo que Lula fez em apenas 1 ou no máximo 2 países por vez e
de preferência de proximidade geográfica, com esses recursos mais generosos nós
não só estaríamos garantindo maior chance de sucesso na empreitada como
estaríamos tendo uma influência tão grande que poderíamos até mesmo agir
diretamente sobre problemas internos do nosso alvo de investimento, levando
tudo na rédea muito curta. A prova de como é possível se beneficiar atuando de
forma mais agressiva sobre um país desde que ele abra espaço para isso via
aquisição de recursos monetários é a Venezuela, o Brasil tomou um grande
prejuízo com o projeto de parceria com aquele país, mas nesse mesmo período
Rússia, China e Irã tiraram proveito recolhendo juros, vendendo armamentos e
insumos e adquirindo muito petróleo barato com aquele país. O mesmo país, no
mesmo período, teve parcerias em que ele é tratado como igual e que ele
acarretou prejuízo como a que teve com nosso país, e teve parcerias que atuaram
de forma mais agressiva, quase imperialista para com ele e que ele gerou muito
lucro e vantagens como as parcerias firmadas com a China, Rússia e Irã.
O plano de formar
um bloco de países sob a liderança brasileira seria de um prazo muito mais longo,
mas estaríamos no caminho certo e não querendo tentar ser rápidos enquanto não saímos
do lugar quando se não até andamos para traz em meio a prejuízos gigantescos.
Tem o fato que nesse meio tempo em que de forma nenhuma estaríamos parados e
sim com um projeto de longo prazo, possa surgir em fim a parceria com uma
poderosa nação como sonha Bolsonaro.
Outras sugestões
são bem vindas nos comentários.